Crepúsculo

O vento que sopra frio traz consigo o crepúsculo.

Foi inevitável para Washington fechar os olhos e saborear mais um fim.

Os olhos fechados trazem mutantes imagens laranjas causadas pelo dourado fim de tarde.

As mãos deslizam pelo trigo que espera colheita.

Abrir os olhos e enxergar o que plantou.

O horizonte é lindo.

Não dá par ver o final do horizonte.

Washington se despede do sol com gosto gelado que faz arrepiar os braços.

O início e o presente lhe beijam a nuca.

Sua simples casa a poucos metros, com fumaça saindo da chaminé, é um aquecido convite.

O trigo balança como quem anda rapidamente.

Seu cachorro vem lhe buscar como quem sabe que ganhará comida pelo fim do dia.

Sobe os degraus da casa de madeira batendo a bota suja.

Retira o chapéu e o pendura num prego que nada prega.

Olha novamente para o futuro e o fim.

“Meu bem, vem pra dentro, por hoje é só”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *