Naufrágio

O girassol fica perdido devido a quantidade de relâmpagos.

Não há um raio solar nesse começo de tarde.

O oceano balança, acompanhando o piano que toca no alto falante potente.

O barco dança enquanto navega no infinito.

Era apenas uma pequena viagem, um sonho repentino, como quem deseja um chocolate.

Minha vida monótona me deixou com saudade da liberdade, da aventura e do mistério.

Comprar o barco foi além da minha imaginação, mas fiz, no calor do momento.

Com certeza prefiro o oceano que a floresta.

Era um caminho natural, eu sei disso.

Fiz o que fiz com sorriso no rosto e brilho no olhar.

Agora estou aqui, nesse balanço eterno, com a minha música e abraçado com o vaso de girassol, esperando essa tempestade passar e finalmente chegar o arco-íris.

Tento manter o equilíbrio entre a coragem e a esperança.

Pode ser uma grande ilusão, mas gostaria de asas, ou de magia capaz de abrir um portal para poder sair daqui.

Os meses que antecederam a viagem foram de grandes desafios.

Uma grande transformação através de estudos para conhecer todo esse universo da navegação.

Foi uma grande superação, muita energia foi gasta para conseguir os conhecimentos que achava necessário, contudo, algo não se estuda: intuição.

Nesse momento, olhando as ondas se formarem, vejo que me falta a harmonia da paixão e criatividade para pegar algum conhecimento básico e traduzi-lo em inovação.

Não há resiliência quando se está olhando para a morte.

Culpo minha prosperidade por ter poder aquisitivo para comprar um barco.

As ondas ficam maiores e o meu abraço ao vaso mais forte.

Sinto fluir uma conexão entre mim e o oceano, uma despertada sintonia, me trazendo o sentimento de gratidão.

Agradeci imensamente minha vida antes do iminente naufrágio.